terça-feira, 8 de novembro de 2011

Reflexões

Nesse primeiro post após o aniversário de um ano dO Ilimitado trazemos uma reflexão de nosso amigo Marcelo Yoshida, acerca de um tema que circula entre a amizade, sinceridade, cinismo e falsidade. Esperamos que nossos leitores, assim como nós, apreciem este interessante pensamento.

Muito obrigado, Marcelo, pela reflexão e por aceitar compartilhá-la no globs.

O Ilimitado

Reflexões


A partir de quando, de que momento, criamos uma máscara daquilo que somos? A partir de que momento fingimos ser alguma coisa que não somos para aceitação social ou para criar uma imagem essencialmente diferente daquilo que somos? Compreendo que existem muitos fatores que levam a esse tipo de atitude. Históricos traumáticos, violência, bulling, problemas familiares. Mas até quando e até que medida isso se torna saudável? Quer dizer, isso é bom de alguma forma?

Eu vejo pessoas que não são sinceras umas com as outras, em que as amizades são conveniências. Pessoas que vivem num mundo de american pie e acham que a vida é assim. Tudo bem que se divertir é legal, sair com os amigos é bom e tudo o mais, mas isso é o significado da vida? Queremos mesmo isso? APENAS bebida, festa e pegação?

Sob outro aspecto, acredito que defender seu ponto de vista e suas idéias é uma atitude louvável, mas será que não há limites para isso? O quanto disso não é uma máscara? Será que refletimos mesmo sobre as nossas atitudes e como isso afeta o outro agressivamente ou ofensivamente? Será que nos importamos com o outro, com o próximo, com aquele que vemos quase todo dia na sala de aula ou na faculdade?

Será que acreditamos de fato que o problema do outro é exclusivamente do outro? Será que somos tão insensíveis a ponto de fazer piada com coisas que são muito sérias? Será que nos julgamos tão superiores assim?

O outro se torna apenas um objeto, se torna um meio de promoção social, um intermediário para alcançar um objetivo, apenas uma coisa. Não vemos o outro como ser humano, como alguém que sente. Estamos preocupados apenas com os nossos sentimentos, com os nossos problemas, com aquilo que nós pensamos. Não vemos no outro um semelhante, um igual, um ser humano.

É triste ver como se tem a noção de que sua própria idéia é superior à do outro a ponto de levar para o pessoal, para a agressão, para a ofensa. Não sabemos separar aquilo que é discussão teórica (ou prática) de relação pessoal. Não é possível que pessoas que tem divergência política, religiosa, metodológica sejam amigas? Será que não mesmo? Por que não deixamos os assuntos do lado de fora das relações pessoais?

Dentro dessas relações pessoais, quantas delas são brigas? Quantas delas são sinceras e verdadeiras de fato, de coração? Com quantas pessoas nos importamos de fato no ambiente social em que vivemos? Falamos mal daquele que convive conosco? Daquele que está todo dia no mesmo grupinho de pessoas? Daquele que sai conosco em festa? Daqueles que vão à nossa casa? 

Que tipo de relação é essa? Isso é verdadeiro?

O que é verdadeiro? O que você faz na frente de todos ou o que se sente de fato quando se vai embora? O que se fala pra todo mundo ouvir ou aquilo que se pensa quando se está só? Você é o que você é quando está sozinho, quando está com os amigos, quando está com a família? São todos a mesma pessoa?

O que plantamos e o que colheremos?

FYM

Marcelo Sussumu Yoshida