sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Saindo da zona de conforto

Comodismo é uma das coisas que melhor pode explicar a estagnação ou, no mínimo, lentidão do progresso da consciência humana. Em outras palavras, comodismo quer dizer que temos preguiça, medo, relutância em evoluir.

A preguiça inclusa no comodismo é resultado do apego aos nossos hábitos de pensamento, de fala e de ação. Como dizia Nietzsche, o ser humano é o único animal que tem preguiça. Segundo ele (não que isso seja inteiramente verdade, mas também não que não seja) é a preguiça que nos torna diferente dos outros animais. Durante nossas vidas, conquistamos alguns objetivos, aprendemos determinadas coisas, atingimos conhecimentos que nos satisfazem, que nos agradam. Não que essas conquistas de fato não sejam boas. Mas elas criam uma espécie de armadilha que nos impede de ir além. Apoiando-se nessas conquistas somos impelidos a acreditar que já é o suficiente, que não precisamos buscar mais. A satisfação, o apego por aquilo que conquistamos causará um bloqueio, que pode ser comparado à preguiça de ir à frente, de evoluir, então temos preguiça de mudar a maneira de pensar, de agir e de falar. E não ajustamos nossa fala e ação justamente porque temos preguiça de mudar a mentalidade, tão necessária para qualquer alteração. Assim, através de nossa própria satisfação criamos um inimigo para nossa evolução.

Comodismo não é só preguiça, também é medo. O medo do novo, o medo do desconhecido. A zona de conforto que estabelecemos também é uma zona de segurança. Nessa zona tudo o que conhecemos é seguro porque já sabemos mais ou menos os efeitos, as conseqüências. Apegamos-nos àquilo que já conhecemos e assim tomamos aquilo como certo, pois com essas ferramentas que já possuímos atingimos algum resultado, mesmo que não seja exatamente o desejado, mesmo que seja apenas uma aproximação daquilo que realmente almejamos. Através do que já sabemos é claro que conseguimos algumas coisas que queremos, mas assim às vezes custa muito esforço, gasto desnecessário de energia, insatisfação e sofrimento. Porém, só com o que sabemos nem sempre somos capazes de realizar tudo e muitas coisas parecem inexplicáveis. Tudo isso porque temos medo de ir além e descobrir, por fim, uma maneira mais eficiente de realizar nossas aspirações.

Por isso, ao sairmos da zona de conforto, também estamos deixando a linha que delimita aquilo que nos é conhecido e partimos para um novo mundo, onde tudo é possível, tanto o acerto como o erro. A maioria das pessoas teme esse novo mundo, mas é exatamente esse mundo que nos acrescenta, nos ensina, oferece as ferramentas para a nossa evolução.

A terceira das características que citamos do comodismo é a relutância. Quando estamos muito apegados às velhas, ou até mesmo às maneiras atuais de fazer as coisas, nos tornamos relutantes em fazer diferente, mesmo sabendo da possibilidade de obter maior êxito. Adoramos fazer tudo do velho jeitinho e por medo de um resultado desconhecido e por preguiça de se mover temos relutância em fazer de outra maneira.

Estamos no final de dezembro, portanto próximos do ano novo, que finaliza mais um ciclo, mais uma volta em torno do Astro Rei, e como de costume e tradição no mundo todo, está chegando o momento de renovação e de reflexão que respeitosamente chamamos de virada do ano. Existe uma aura que ronda esse dia, uma espécie de mágica que transcende todos os outros dias (como se eles não fossem tão importantes como esse). É o dia não só de reflexão e renovação, mas também de inúmeras promessas que não serão cumpridas e que serão esquecidas logo no dia 2. Essa é a importância que damos para o primeiro dia de todos os anos. Inúmeras promessas de regimes, matrículas em academias, escolas de idiomas, parar de fumar, de beber e outras promessas sem número são deixadas sempre para a segunda feira seguinte, até que na última segunda feira do ano não se tem indício de algum cumprimento. São promessas vazias, porque para aquele que promete não tem realmente um sentido, é só da boca para fora. Nesse momento gostaríamos de informar que do dia 31 de dezembro para 1 de janeiro não é muito diferente de qualquer outro dia do ano, primeiro vem 23h59 e depois vem meia noite, portanto qualquer outro dia também é dia de mudança.

É claro que temos um ritmo, um ciclo criado socialmente, pois temos inúmeras preocupações, trabalho, deveres ao longo do ano e a quebra dessa rotina que chega com o final do ano, abre, para a maioria das pessoas, uma possibilidade de reflexão e de projeções. Para esse tipo de atitude, portanto, as férias e essa quebra acabam se tornando convenientes no atual sistema em que está inserida a sociedade.  

É nesse contexto de mudanças, tão presente na tradição de passagem de ano e na idéia que ela carrega que decidimos escrever sobre o comodismo.  Então como triunfar sobre o comodismo? O que fazer então para sair da zona de conforto? Acreditamos que esforço e disciplina são, ao menos, algumas das palavras chave necessárias para nos livrarmos do apego que torna cômodo nosso pensar, agir e falar. Dessa forma, acreditamos que devemos usar as conquistas como degraus para o próximo objetivo e não nos contentarmos nem apegarmos a elas. E sobre as aspirações, acreditamos também que devemos situá-las em um patamar onde sejamos capazes de chegar, assim não nos tornamos apenas faladores e nos aproximamos mais de cumprir o que nos propusemos a fazer.

Na verdade é disso que se trata a idéia do blog, de nos livrar das amarras que atravancam nossa evolução e buscar meios de nos tornarmos Ilimitados. Apoiando-se nesse pensamento nós aproveitamos para desejar a todos um bom final de ano e que possamos nos tornar mais conscientes não só a cada novo ano, mas a cada novo dia.

FYM

                                                                                                                    O Ilimitado

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