quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aprendendo com animais de estimação

Gosto de observar tudo. Observo meus animais e vejo que eles tem algumas características interessantes para serem observadas e aderidas por nós, humanos, que muitas vezes não as possuímos.

Veja bem um cachorro. Quando o dono sai de casa ele chora, late, uiva, espera no portão pela volta, sem saber pra onde o dono foi e quando ele volta. E após o retorno do seu dono lá está o cachorro pulando de alegria, lambendo e pronto para ser acariciado ou simplesmente fazer companhia. Ele não está interessado em saber onde estava, porque não o levou junto e não vai culpá-lo por tê-lo feito chorar e gritar. Ou então, quando o cão faz uma coisa errada e o dono fala firme, perde realmente a paciência, fica com raiva... Se logo em seguida o chamasse, ele com certeza, fielmente, iria abanando o rabo até seu amado dono. Não existe rancor, não existe raiva, não existe mágoa. E nem mesmo o perdão existe, porque os cães não precisam dessa palavra, afinal, como pode existir perdão se não existe o rancor? O “perdão” é uma coisa inata, o cão simplesmente apaga a situação da memória e recomeça... Até mesmo cães que são maltratados “perdoam” seus donos e ficam em seu lar. Claro que devem existir os fugitivos, mas nem sempre os cães maltratados fogem. Eles aguentam essas situações, expressam sua dor e liberam toda a tensão e depois isso simplesmente acaba. Entendo isso tudo como amor incondicional.

Um amigo meu foi um dia morar em um apartamento e por isso deixou o cachorro dele comigo para que eu cuidasse. Um dia esse amigo veio até a minha casa e quando foi embora o cão algumas horas depois fugiu para ir procurá-lo. Não achou o dono, mas nunca mais voltou. Foi atrás sem pensar nos riscos (é óbvio, cães supostamente não pensam – vai saber qual é a verdade disso, se eles realmente não pensam), movido pelo sentimento, pela ligação que tinha com quem cuidou dele.

Os gatos, por sua vez, dão um bom exemplo de desapego. O gato não é temperamental como as pessoas dizem, pelo menos não na minha visão. É que o ser humano, na sua carência, quer o gato por perto a hora que ele quer, mas o gato não é meloso e grudento assim, nós é que somos. Na hora que ele precisa de carinho vem, quando não precisa não vem, nós somos quem faz isso, quem quer ou não quer as coisas nos momentos errados e inapropriados. E enquanto ele não vem ele sai de casa, vai andar por uns muros e telhados, fazer as suas coisas de gato, mas depois ele volta. Ele não vai se enfiar na casa do vizinho para morar lá, ele não vai procurar outro dono, ele sabe muito bem onde é o seu lugar. Não precisa prender, não precisa chamar de volta...

Será que conseguimos ser assim? Será que conseguimos fazer dessas características algo inato também aos humanos?

FYM

                                                                                                           Jerônimo Martins Marana

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